DILMA E AS ÁGUAS QUE NÃO CHEGAM A MANAUS
Mesmo sendo uma tortura aos bons afetos assistir ao humor reto, falso humor, carregado de preconceitos e senso rasteiro ao comum, do globolálico programa do Jô Soares, mas no caso da presença de Dilma Roussef…
Sabia-se que, dada a limitadíssima capacidade do apresentador, os temas seriam, como em toda a seqüelada mídia, as mesmas perguntas em torno do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) e a tentativa de incriminar a ministra da Casa Civil no caso do suposto dossiê sobre o invejoso/rancoroso Fernando Henrique. Além disso, é claro, do jeito que a Globotária está desesperada com a contínua perda de audiência, sabendo-se que o Governo Lula está numa audiência maravilhosa, decorrente de sua prática democrática/democratizante, ela tenta capturar um pouco do ibope fugidio. (Foi essa a razão de convidar Lula — Imaginem! — para a comemoração do milésimo programa do Faustão.) Mas como sabemos, ao contrário do falacioso apresentador, da alegria, da autenticidade e da inteligência de Dilma, dessa vez seria um bom encontro, que nem mesmo a violência epistemológica do programa poderia atrapalhar.
Selecionando entre tantas batidas perguntas e as necessárias respostas de Dilma, tomamos aqui quando o obtuso truão perguntou a respeito de como era feita a fiscalização do uso das verbas do PAC nos estados e municípios. Dilma deu como exemplo Manaus, uma cidade banhada pelo maior rio do mundo e sofrendo de falta d’água, além de não possuir saneamento básico, acrescentando que o Governo Federal envia as verbas para solucionar questões básicas, mas depende da boa utilização pelos prefeitos e governadores, e que existem, caso não sejam cumpridos os projetos, as instâncias de fiscalização governamentais.
Quem não deve ter gostado do exemplo de Dilma são o governador Eduardo Braga e o prefeito Serafim Corrêa. Principalmente que o exemplo não saiu ao acaso, embora se saiba que cidades na mesma situação de Manaus existem em abundância pelo Brasil (daí a necessidade do PAC), mas Dilma, juntamente com Lula, esteve recentemente na cidade e percebeu a histórica realidade dos serviços elementares na “Princesinha do Norte”; e principalmente porque ambos sabem que a avaliação final é da população. A mesma população que reconhece o esforço democrático de Lula e Dilma, pode não referendar as pífias atuações dos governos municipais e estaduais passadas e atuais.