PT/AM SEGUE À ESQUERDA E PREFEITURA PERDE BRAÇO-DIREITO
O supersecretário e braço-direito do prefeito Serafim, Marcus Barros, anunciou sua desemcompatibilização do cargo esta semana, afirmando que será candidato a vice-prefeito na chapa de Serafim.
A notícia chamou a atenção de alguns leitores intempestivos deste Bloguinho, e que são filiados ao Partido dos Trabalhadores do Amazonas.
Este Bloguinho apurou, no entanto, que a despeito da frase de Barros, a composição da chapa com o prefeito Serafim é inviável. Segundo a lei eleitoral, nenhum cidadão não-filiado à agremiação política pode ser candidato. Mais: há um prazo mínimo de um ano para que se possa trocar de partido e se candidatar. Para completar, os filiados devem, obviamente, respeitar as decisões internas do partido a que fazem parte, sendo elas fruto de uma consulta coletiva (como no caso das prévias do PT), seja por decisão vertical, como acontece, por exemplo, no PSDB de São Paulo, onde FHC e turma decidem o candidato.
Pelo exame superficial da legislação eleitoral, se percebe que a fala de Marcus não tem sentido. Pela legislação em vigor, ele só pode sair candidato pelo PT, onde é filiado. E como o PT/AM não irá compor chapa com o PSB de Serafim, fica inviável que os planos de Marcus se concretizem.
No entanto, a fala dele ao se desligar da prefeitura, além da trajetória durante o tempo em que ficou como braço-direito de Serafim, mostram que individualmente Marcus Barros apostou todas as fichas nessa candidatura, e numa eventual aliança do PT com o PSB. Mesmo sabendo do desejo da militância (e de setores da sociedade e dos movimentos sociais), Marcus parece ter acreditado até o último minuto que a tendência da executiva nacional (que é de coligar com partidos aliados onde estes têm prefeitos, e em contrapartida, receber apoio dos partidos aliados onde o PT tem candidatos à reeleição) iria predominar em Manaus.
A militância mostrou que pesa mais que a cúpula num partido que ainda pode dizer que tem decisões coletivas e pautadas em uma democracia interna, e o PT terá candidato próprio. Isto ficou claro no último dia 18, quando Praciano foi escolhido pela militância como o candidato do PT à prefeitura, com a presença inclusive da representação nacional no pleito. Joaquim Soriano, secretário nacional de formação política do PT, deixou claro que não há possibilidade de intervenção nacional para impedir o PT local de ter candidatura própria: “É natural que numa disputa eleitoral os partidos da base aliada de nível federal se organizem de forma distinta. (…) Então o longo leque de aliança do presidente não se reflete nem a nível estadual, quanto mais obrigar que isto tenha alguma correspondência no plano municipal. Sendo assim discutimos localmente com os partidos principalmente PSB, PCdoB e PDT e com um bloco de esquerda como nossa aliança prioritária e espero que aqui a executiva municipal leve a bom termo este diálogo para construção de aliança política em tom da nossa candidatura com o Praciano”.
Portanto, a frase de Marcus soa mais como uma tentativa de invocar uma improvável intervenção da executiva nacional do partido, que salve um investimento pessoal de pouco mais de um ano de articulações, como Supersecretário de Administração, que incluíram enfraquecer o atual vice, Mário Frota, para que o caminho para a chapa com Serafim fosse aberto. Barros inclusive compareceu como destaque na convenção regional do PSB, que ratificou a candidatura de Serafim à reeleição.
De quebra, com a frase, Marcus poderia pleitear uma saída sem atritos com o agora ex-patrão, de quem é amigo pessoal, mas que estão em lados opostos, ao menos na teoria. Com a morte do grande defensor e cabo eleitoral de Serafim, Jefferson Péres, os cerca de 300 mil votos obtidos dez anos atrás por Marcus Barros como candidato para o Senado (quando foi derrotado pelo ex-governador Gilberto Mestrinho, com uma virada surpreendente na calada da noite) seriam mais que úteis à combalida candidatura de Sarafa, embora se saiba que, àquela época, muitos dos votos que Barrus arrebanhou foi de eleitores anti-gilberto, e não de eleitores diretos.
Marcus Barros se esforçou por mais de um ano como braço-direito de Serafim, visando uma vice-prefeitura que lhe desse visibilidade política. Não contou com o PT/AM que à despeito de alguns filiados e correntes internas, provou que prefere seguir pela esquerda.