A GRANDE IMPRENSA CHORA NA PEQUENA
Grande é o modelo padrão das subjetividades despóticas: homem, heterossexual, branco, força, língua-mãe, semiótica dominante, capital, moral judaica-cristã- burguesa, etc. Tudo que afirma e defende o princípio da igualdade da idéia. Na linguagem do filósofo Baudrillard: o clone cultural. No filósofo Nietzsche: o homem reativo. Pequeno é tudo que escapa ao modelo padrão. O devir: a potência que disjunta a força reativa. O virtual como potência do real (novo), como afirma o filósofo Baudrillard. A vontade de poder: a contínua criação e distribuição de novas formas de existências, de acordo com o filósofo Nietzsche.
A grande imprensa é o modelo padrão: capturada pelos signos modeladores, carrega e defende, em seu corpo reativo, a imobilidade que a semiótica dominante reflete. Aí seu esforço desesperador na tarefa inócua de clonagem. “Que todos sejam iguais: contanto que eu seja a matriz!”, vocifera.
A pequena, sendo devir, move-se com “a vida ativando o pensamento, e o pensamento afirmando a vida” (Nietzsche). Escapando do modelo padrão, vai rachando o ponto molar da dor reativa para libertar afectos positivos, “que constroem as comunidades” (Tini Negri).
O movimento disjuntivo da pequena Dilma na Comissão de Infra-Estrutura do Senado escotomizou a grande mídia. Certa que seus reativos senadores, nas figuras de Agripino e Arthur, iriam implodir e explodir a ministra, deixando apenas o pó de uma candidatura à Presidência, fragmentada, teve que vociferar contra a imensurável insuficiência de seus subalternos guarda-costas. Não souberam colocar a ministra “na parede” (clichê usual de sua lavra), para de uma vez por todas exibi-la em público como um cadáver político sem direito à extrema-unção. Nada de saúde para alma: ela poderia ressuscitar. Tamanha a dor da inveja, causada pelo delírio-despótico que carrega (reativo-histórico), não pôde perceber e entender que a ministra, sendo pequena, jamais poderia ser atingida pela força molar do enunciado-tirânico dos ditos escravos da grande mídia. Resulta resultado: agora chora na pequena. Mas a pequena é suave; por tal, sabe distinguir o choro-construtivo e o lamento-destrutivo. Este parceiro inseparável da grande. Razão também de sua imobilidade: tudo que é grande pesa.