Muitas batidas na pick-up do DJ Karapanã, B’Boys, grafiteiros e a moçada do movimento Hip-Hop de todas as zonas de Manaus estiveram neste domingo na Vila Olímpica. A festa foi a comemoração dos 14 anos do MHM (Movimento Hip-Hop Manaus).

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Na multidão, inúmeras rodas onde os dançarinos se desafiavam, cada um mostrando a expressividade lúdica do corpo na batida do som.

A força do movimento, a expressividade dos quatro elementos, e o toque das batidas aproximaram crews de norte a sul da metrópole manoniquim. O companheiro Maranhão nos falou um pouco sobre o que é o Hip-Hop:

Meu nome é Vandeildo mais conhecido como B’Boy Maranhão e faço um trabalho com o Hip-hop no bairro de Santa Etelvina há 7 anos. Dou aula pra muitos adolescentes, crianças, pré-adolescentes, pra dar um caminho pra cada um que procure entrar na sociedade, sair um pouco do vandalismo, ter um caminho melhor, um caminho da paz, entendeu. E o objetivo da cultura de rua é procurar mais adolescentes, dar mais apoio a eles, incentivando eles nas suas vidas, tendo uma boa educação, procurando estudar, caminhando um caminho novo, um caminho melhor, buscando melhorias de vida.

Eu dou aula de tudo, desde os conceitos da filosofia de vida, a dança, o power move, que é o giro corporal, e o Freestyle que é estilo livre e também as normas do B-Boy. A cultura Hip-hop, cultura da rua é bem ampla. A street dance é uma variação da cultura de rua. Na parte da dança, envolve estes vários movimentos, que dá origem ao break, e por isso tem o b’boy, o break-boy. Na expressão mais direta se tem o grafite, que aqui hoje não tem nenhuma apresentação. Os outros dois elementos são da música, o MC e o DJ, que fazem o trabalho musical e de uma mostra desta cultura pela voz. O popping e o locking estão ligados à dança.

O hip-hop ajuda em diversos movimentos, como mover minha coluna, tem que se suportar o peso do corpo e no power move trabalha com toda energia do seu corpo. Eles são um beneficio que o adolescente tem para ser um cara saudável, resistente e com uma disposição para lutar pelas coisas que interessam pra nosso povo. O hip-hop foi uma cultura que surgiu mesmo nos guetos e que grande parte das vezes é só analizada a partir da idéia que se tem da periferia. E quando a mídia trata destas questões é sempre desta forma excludente e levando a idéia de que o hip-hop são as músicas negras americanas que tratam apenas de dinheiro, carros, etc.

O rap, que é uma forma de criticar as formas de autoridades, pois eles mostram uma realidade que está concentrado dentro da periferia. Quando ele não pode chegar nestas pessoas, como ele vai enviar a mensagem? Através do rap. E muitas vezes as pessoas criticam a cultura hip-hop por que vem da periferia, mas hoje em dia estão buscando quebrar este tabu, por que de todas as classes está sendo vista esta cultura, bem social.

No elemento Grafite, este Bloguinho trocou uma idéia com o companheiro Árabe, que falou sobre a arte, o desentendimento da mídia, e sobre o grafite em Manaus:

A finalidade é expressar o lado artístico, envolvendo a expressão através da imagem, atualmente puxando tanto para as artes plásticas como para a tradicional, que são as letras. O Brasil tá na frente neste processo de diferenciar o seu grafite do resto do mundo. Aqui há um estilo diferente, que não é encontrado nos EUA, Europa, Ásia… Então o processo atual está em buscar algo que seja diferente do que é encontrado lá fora”.

Para a mídia e a sociedade civil, existe diferença entre grafite e pichação, mas dentro da cultura, lá mesmo nas quebradas, ela quase não existe, porque assim como o Brasil procura se diferenciar do grafite que é feito lá fora. Lá, pichação e grafite é tudo a mesma coisa, não se diferencia por exemplo a escrita com cor da sem cor. Aqui se diferencia porque começou a se achar que pichação é vandalismo e grafite é arte. Para eles, lá fora, grafite e pichação, tudo é vandalismo. Então alguns estudiosos começaram a ver que não existe diferença, que esta diferença foi colocada pela mídia, que acha que pichador é marginal e grafiteiro é artista, mas não. Existe sim, uma diferenciação estética, na hora de visualizar, mas o sentido de você ir pra rua, de você se sentir marginalizado é o mesmo. Aqui em Manaus se tem o costume de achar que pichador é de galera, que usa os sinais pra se comunicar. Galera é uma coisa, pichador é outra, ele não se envolve com violência, sai em turma pra curtir, pra namorar, mas não se envolve com violência. Isso foi uma coisa que a mídia brasileira inventou, isso de “resgatar” o cara da pichação pro grafite, mas a gente aproveita pra tentar mostrar pro cara que picha, e que não conhece o profundo talento que ele tem, e ajuda ele a ir pra um lado que afasta ele da violência, das drogas”.

Manaus é a terceira, quarta capital do norte-nordeste no Grafite. Em 2006 e 2007 foi muito produtivo, foram os anos em que começou a sair trabalho de artistas locais em revistas nacionais, artistas saíram daqui pra pintar lá fora, tem artista daqui no Rio, São Paulo, Maranhão, e tiveram dois encontros em Manaus no ano passado. Este ano ainda não teve nada por falta de organização, o pessoal não se reuniu”.

Sempre envolvido e acompanhando as manifestações do movimento, o companheiro Mc Fino, junto com seu parceiro, Bob, ambos da primeira geração do Hip-Hop de Manaus, marcaram presença no evento. Bob faz um trabalho de intercâmbio entre o Hip-Hop de Manaus e o de Paricatuba, interior da cidade de Iranduba. Fino, que é do MHF (Movimento Hip-Hop da Floresta), falou sobre a necessidade de expandir o movimento, sem perder a potência alternativa:

Enquanto o pessoal do Hip-Hop não se conscientizar deles mesmos, porque o Hip-Hop hoje em dia está muito deturpado, e isso começou a partir do momento em que pintou gente como Public Enemy, na verdade quem começou mesmo foi o NWWay, que foi na Casa Branca, falar com o George Bush, o pai, e quando aconteceu esse aperto de mão, desde aí o Hip-Hop já não é o mesmo. Hoje você vê o cara aí nessas emissoras. Não tô falando de evolução, porque você pode evoluir sem perder a essência. O que não pode é se aproveitar da imagem. O governo não está fazendo nenhum favor, o governo continua omisso com relação aos problemas sociais, o movimento Hip-Hop precisa cobrar a presença de políticas públicas na periferia, e a gente tem que ir na cobrança. E o pessoal precisa se conscientizar que Hip-Hop não é 50Cent, Eminem ou Dr. DRE, mas é atitude, é cultura, não é apenas música, é muito mais, é manifestação cultural”.

Outro membro da primeira geração do Hip-Hop em Manaus que esteve na festa foi o B’Boy e empresário Amarildo do Nascimento, conhecido nas quebradas como Gato, ou Mestre Gato, que contou um pouco da história dos B´Boys e de sua atuação em Manaus:

Já estou há muito tempo no Hip-Hop, na categoria B’Boy, desde a década de 80. Quando o Michael Jackson apareceu, nós já dançávamos, e somos da chamada primeira geração, como dizem por aí. B’Boy é uma gíria americana e quer dizer Break Boy, o Boy Quebrado, ou Grande Garoto, como alguns grupos americanos também usam. E chegou aqui pelo Brasil nos anos 90, antes nós só conhecíamos como Garoto Quebrado, ou Garoto que Quebrava. As primeiras danças foram difíceis de chegar por aqui, e nós tomamos contato através das fitas, na época. O B’Boy antigamente, nos Estados Unidos, ele brigava, era de gangues, e aqui em Manaus até chegou a parecer com isso, mas a moçada queria mesmo era aprender a dançar e se divertir. E a primeira geração foi o Zulu King, o Break Revenge, e muitos outros grupos que eu não recordo o nome. A segunda geração vem através dos Irmãos Fúrias, Irmãos Cobra… A atividade dos B’Boys aqui em Manaus é tentar expandir, que apareceu aqui no Brasil já com o Afrika Bombaatha, e alguns de nós damos aula gratuitamente nas escolas, muitos já até de idade, e os mais novos, que já vão aprendendo e passando para os outros toda a filosofia da dança em conjunto com a cultura Hip-Hop. A gente tenta passar pra comunidade o que tem de melhor no B’Boy, que tem algumas coisas de ruim, como a rivalidade, mas o verdadeiro B’Boy é exemplo de cidadania, inclusive para a própria sociedade”.

GOVERNO BURACO-NEGRO QUER CAPTURAR POTÊNCIA DO HIP-HOP

Percebendo a potência-comunitária que o movimento Hip-Hop engendra em Manaus, o governo do Estado já colocou as barbas para secar e começa a tentativa de capturar o fluxo-dança-som-imagem.

Embora a organização tenha sido do MHM, que é autônomo, o governo entrou com o espaço, e tentou “organizar” o evento, de acordo com as coordenadas semióticas dos eventos governamentais, que esvaziam todas as possibilidades de expressão autêntica de seus participantes.

Dois acontecimentos demonstraram o desentendimento do governo estadual sobre os movimentos. A tentativa de centralização do evento, e a competitividade capitalística. Com a ajuda do corpo de bombeiros, foi aberta uma área central, por onde deveriam se apresentar os grupos. No entanto, a prevalência das rodas dos dançarinos, que tentaram ser contidas pelos organizadores, em toda a área da quadra onde se deu o evento mostrou que o Hip-Hop é mais “espalhado”, no sentido micropolítico. Além disso, nessas rodas havia somente a disputa entre as coreografias e improvisações, sem o caráter fálico-paternal do governo, que pretendia organizar campeonatos onde somente o primeiro é o melhor, bem diferente das rodas, onde todos são livres para entrar, dar seu show, e sair com os aplausos dos amigos.

A tentativa de adesivar o evento à candidatura oficial do governo também ficou clara, com as constantes menções ao candidato oficial, tentando convencer que este está ao lado do movimento.

Como um buraco negro que captura as linhas e energias que passam perto de si, este tipo de governo tenta se aproveitar eleitoralmente dos movimentos sociais, enfraquecendo-os, eliminando as possibilidades de expressão autônoma e capturando as produções subjetivas.

Mas os manos tão espertos, tá ligado?

18 thoughts on “TODOS OS ELEMENTOS DO HIP-HOP MANÔ

  1. Muy interesante ^^
    Soy español y entiendo algo el Brasileño pero me gusto mucho todo, no conocia que en brasil tambien estubiera tan bien esto del hip hop^^
    yo pinto graffity y antes componia musica.
    Gracias, Un saludo desde España (sevilla)

  2. Oi tudo bem primeiro lugar acho bacana o que vocês fazem tudo de bom mesmo já andei pesquisando e achei o maximo. Mas epero que vocês me ajudem bem minha filha esta fazendo um trabalho sobre grafite para apresentar na escola dia 12/05/08.
    Então ela queria se fosse possivel alguem de vocês que pudesse
    apresentar, mostra o que é como é o trabalho de grafiteiro aqui na escola D.Pedro II ( Estadual) por favor se for possivel
    Aguardo resposta beijooooooooooooooooooooooooooooooooooo

  3. Doralice,
    Entramos em contato com uns grafiteiros com os quais temos proximidade e eles disseram que podem marcar para conversar com você e sua filha, para ver em que consiste o trabalho. Se for o caso, eles disseram que, inclusive podem ir até a escola para falar e dar demonstrações práticas sobre a arte do graffite. Você pode entrar em contato conosco pelo e-mail afinsophiaitin@yahoo.com.br ou pelo telefone (92)3681-5427.
    Abraços!

  4. bom gente meu nome é beto pow eu gostei muito do trabalho de vcs , tbm faço isso
    luto pela cultura do hip hop , então mais vcs estão de parabéns
    pois vejo que vcs são muito bons
    olha eu tbm depois de muito tempo comsegui aprovar um projeto
    mais eu naum sabia que iria ser taum dificil assim
    pois a discriminação fala mais aulto os preconceito
    aqui sempre tinha mais prioridade
    pois lutando que consegui conquistar meu espaço
    hoje do aulas de hip hop steet dance by boy
    pois vejo que meu trabalho e adimirado por aquele que mais me criticavam
    tbm com tempo aprendi vario estilos de dança de salão
    bom gente parabéns pelo trabalho de vc pois fiko feliz hein saber que ainda existi essa cultura pelo brasil abraços……..

  5. é nois paceiro, sou um b.boy ta ainda aprendendo mais meu sonho é
    ser um professor, fica na paz sou de salvador meu professor e b.boy cocadinha e conhesido como tomas

  6. eu acho muito lga l essa ideia de hip hop eu gostaria muito de aprende a danca hip hop eu acho çlegal a ei dea do grafite mutos de via aprende e nao fica na rua fazeno o que no deve vcs noao achao eu andei pesqusano um poco sobre o asunto e achei muito legal eu acho que que em vento o hip hop foi ima pessoa muito inteligente merese senpre ta em primeiro depois de jesus brigada pela atencao e fuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

  7. ola eu acho muto legal essa ideia de hip hop eu sei alguns passo s mais nao sdei as manobras di reito mais vo aprende ummmm salve pra galera do hip hop

  8. ola eu acho muto legal essa ideia de hip hop eu sei alguns passo s mais nao sei as manobras direito mais vo aprende ummmm salve pra galera do hip hop

  9. Oi tudo bem meu nome e gisele e em primeiro lugar acho bacana o que vocês fazem tudo de bom mesmo já andei pesquisando e achei o max. eu to fazendo um trabalho sobre grafite para apresentar na escola dia .29/05/2009 ai entao resolvi pesquisar bjusssssssssssssss pra vcs parabens pelo trabaolho. bjussssssssssssssssssssssss

  10. eae mano blz pow maneiro o trabalho de vcs é isoo ae ten que incentivar a moçada mesmo, aqui no município de (S.G.C) São Gariel da Cachoeira Tambem Dançamos o hiphop fazemos alguns campeonatos, mais nem todos nos apoiam por isso mas damo um jeito é isso ae,um dia vamo ae para a capital para participar de algum campeonato sou B.boy Jay sou da Crew (Break the Freeze)vlw mano.. manda um toque de como são realizados o movimento de hiphop.

  11. tew loco eu me expiro em vc arab
    vc é muito bom no trampo de 2 cores
    quero tew conhece aparece lah no vicente telles de tarde
    pra nos grafita*–*

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