São Pedro está fazendo a sua parte. As chuvas, que nada têm a ver com o que o homem faz na Terra, e não inunda lá onde a natureza Naturante se faz fluxo variação-contínua da Vida, mas que, em contato com o corpo-homem-social, não produz um bom encontro, pois este não partilha com aquela as noções comuns que produzem o aumento da potência de agir, expõe, ou “faz buiar”, como diria aquele poeta, os problemas de uma cidade que não é cidade.

Assim, herdados pelos governos anteriores e muito bem cuidados e ampliados pelo atual, os buracos da cidade em parceria com as chuvas, desde o período chuvoso do ano passado, compuseram o Projeto Poseidon.

“As águas correm para o rio, o rio corre para o mar, o mar deságua no oceano… No oceano está Poseidon”.

 

Este Bloguinho acompanha a evolução do projeto, e já registrou diversos momentos em que os buracos, as ex-ruas, as que nunca foram ruas e as águas oceânicas que por lá passam compõem para o leitor intempestivo e para o cidadão manoniquim um quadro da situação da cidade de Manaus.

Os moradores das ruas onde o Projeto Poseidon passa – inúmeras Manaus adentro – usam sempre o humor e a inteligência para mostrar à prefeitura – esta e as anteriores – que uma cidade não se faz apenas com obras ou com marketing, e que a política não passa apenas pelas instâncias governamentais. Mesmo assim, até esta semana, a prefeitura não havia ainda se manifestado eleitoralmente em relação aos buracos. Até esta semana.

SERAFIM ENCARA O POSEIDON?

Esta semana, através de fontes intempestivas, este Bloguinho apurou que a prefeitura pretende iniciar uma ofensiva contra os buracos da cidade.

A partir de agora, qualquer cidadão que encontre pela frente um buraco, de qualquer tamanho, forma, conteúdo, profundo, raso, feio, lindo, fútil, útil, deve comunicar imediatamente a prefeitura através dos técnicos da Assistência Social, que atuam nos CRAS (Centro de Referência da Assistência Social). Estes técnicos ficarão responsáveis por averiguar e acionar a SEMOSBH, que terá um prazo de 24 horas para tapar o buraco.

Lá, o cidadão será atendido por um psicólogo e por um assistente social, que acolherão o buraco, e tratarão todas as suas demandas, sociais e psíquicas. Caso o buraco esteja deprimido pelos anos de carência e atenção, fruto da falta de entendimento comunitário dos governos, o psicólogo terá de atuar inclusive em parceria com o psiquiatra, administrando fármacos antidepressivos. Este aspecto é muito importante, porque se a depressão do buraco aumentar, ele também aumenta. O assistente social, por sua vez, verá em que condições se encontra o buraco, para que se possa informar à SEMOSBH a melhor maneira de tratá-lo. Feito isto, com material de última geração, guardado a sete chaves durante os últimos 3 anos – o famoso asfalto papelim –, a administração Serafim virá tapar o buraco para que as próximas gerações possam guardar dele somente saudosa lembrança. Até a próxima chuva.

Assim, somente, pode-se justificar que a atual administração lance mais este plano marketístico pré-eleitoral, utilizando inclusive a rede de assistência federal que, embora seja gerenciada pelos municípios, foi criada pelo Governo Federal. Lula certamente não imaginou que o projeto social pudesse incluir a fiscalização de buracos nas ruas. No entanto, duas situações, no mínimo, se colocam para o atento leitor intempestivo: 1) se é necessária a mediação entre SEMOSBH e cidadão por parte da rede assistencial, inclusive cabendo a esta a fiscalização e o acompanhamento das demandas, é porque as tentativas de contato direto (como inclusive já relatadas e decantadas nos posts anteriores do projeto Poseidon) não são eficazes, e não por falta de tentativa e organização popular; e 2) a ineficácia da Secretaria de Articulação Política, que teria exatamente o papel de facilitar o acesso das demandas populares com as secretarias responsáveis por darem uma resposta a elas. Se não estão fazendo isto, qual então o papel destes articuladores?

A eficiência da atual prefeitura em dar continuidade ao cultivo de buracos na cidade de Manaus já causou até inveja em partidários de governos anteriores. O atoleimado presidente da Força Sindical, Vicente Filizola, filiado ao DEMsesperados/AM, carinhosamente alcunhado também ex-PFL, andou distribuindo pela cidade cartazes onde se lia “Cuidado! Buraco do Serafim!”, esquecendo-se que um dos grandes responsáveis pelo altíssimo desenvolvimento manoniquim no quesito buracos, tornando a cidade referência mundial para o cultivo, foi o grande político DEM/PFL, Amazonino Mendes e demais consortes.

Enquanto os governantes se degladiam, Poseidon só…

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