i iNDA TEM FRANÇÊiS Qi DiZ Qi A GENTi NUM SEMO SERO

1

@ PROJETO QUER MAIS PROGRAMAÇÃO NACIONAL NAS TV A CABO. Um substitutivo ao Projeto de Lei no 29/2007, relatado pelo deputado Jorge Bittar (PT-RJ), traz em seu 17º artigo a obrigatoriedade às emissoras de TV por Assinatura em compor ao menos 50% (40% no conteúdo total e mais 10% para cada canal de TV) de sua programação por programas e conteúdos nacionais. A reação das entidades envolvidas está de acordo com os interesses. A ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura) já se mobilizou e tachou a iniciativa de censura, lançando a campanha ‘Liberdade na TV’. Já a ABPITV (Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão) comemorou a proposta, e entrou em conflito com a ABTA. A proposta do deputado carioca já está na pauta de votações para 2008. Para além do desespero do mercado (a ABTA faz uso do jogo de palavras para associar cotas com censura e abusa da palavra ‘liberdade’) e do interesse e perspectiva do crescimento do mercado interno (que a ABPITV está de olho), há duas linhas de entendimento que precisam ser consideradas, levando-se em conta que o debate sobre as telecomunicações no Brasil são sempre encobertos pela cortina da fumaça dos grandes empresários do setor, hostis a qualquer forma de regulação estatal, e a inépcia do governo em articular uma discussão para além das obviedades. Primeiro, em termos de fortalecimento de um mercado interno – que é forte nos chamados países desenvolvidos – o caminho sempre passou pelo protecionismo econômico e pelo regime de cotas. Não apenas nas comunicações, mas em qualquer ramo da economia de um país, as regras de proteção se mostraram historicamente essenciais para proteger mercados menos desenvolvidos da sanha dos grandes mercados, que produzem maior quantidade com menor preço. O embargo da União Européia à carne brasileira é um exemplo de como um produto melhor e mais disponível acaba com a produção interna. No caso dos programas de televisão, a proposta de Bittar carrega o fortalecimento do mercado interno de produção de conteúdo para TV (fortíssimo nos EUA, vide o caso da greve dos roteiristas), além da idéia de fomento à uma produção cultural audiovisual mais próxima da cultura brasileira. Por outro lado, de nada adianta reservar espaço para as produções nacionais se este mercado continuar subserviente à semiótica laminadora dos signos do capital. Se os produtores não romperem com os signos-clichês que são disseminados na programação estupidificada da maior parte das televisões (independente da procedência), voltadas para o consumo e a censura à inteligência do telespectador, não haverá mudança nenhuma, e os videotas passarão de consumidores de programação esvaziada estrangeira, para consumidores de programação esvaziada nacional. I inda tem françêis…

@ PREÇO DA CARNE SOBE NA U.E. POR CAUSA DE EMBARGO. Sob o pretexto de que o Brasil não está cumprindo as regras para exportação segura, a União Européia bloqueou a compra de carne nacional. A imprensa anti-lulista e golpista aproveitou para juntar lenha à fogueira e afirmou que os europeus são contra a carne brasileira por que os pastos estão acabando com a floresta amazônica. O que existe, ampliando o fato, para além do quadro mostrado na mídia? A supremacia econômica da carne brasileira, que compete de igual para igual em termos de qualidade para a argentina e estadunidense, que possuem, por sua vez, uma produção menor. Só em janeiro deste ano, foram mais de US$ 140 milhões em exportações, e o total de 2007 ultrapassou US$ 1 bilhão. A medida européia beneficia somente aos produtores irlandeses. Infelizmente para eles, o consumidor não tem nação e pensa com a barriga. Após o embargo, imediatamente o preço da carne no velho continente disparou, em alguns países até 20%. Quanto tempo os governos agüentarão a pressão dos consumidores pelo preço do produto? Enquanto isso, a briga de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente não é contra os bois, mas contra os agroindustriais, que através de seus representantes no legislativo, querem a diminuição territorial da Amazônia Legal, a fim de poder expandir suas terras, sobretudo nas áreas do Mato Grosso, sem as sanções governamentais. Alguém ainda tem dúvidas de a que interesses serve a pauta midiática nacional? I inda tem françêis…

@ PARANÓIA AMERICANA EXPLODE NOVAMENTE. Esta semana, quatro episódios envolvendo atiradores sacudiram os EUA. Num deles, na quinta, um atirador entrou numa reunião do conselho municipal da cidade de Kirkwood, subúrbio de Saint Louis, feriu o prefeito e um jornalista, e matou cinco pessoas. Ele discordava da administração do prefeito. Noutro, nesta sexta-feira, uma jovem matou duas colegas na escola técnica da cidade de Baton Rouge, na Louisiana. A jovem se matou em seguida, e não se sabem ainda os motivos. Houve ainda registros em Portsmouth, Ohio, e Los Angeles, Califórnia. Pra completar o quadro de psicopatologia, o governo de Virginia Ocidental avalia projeto de lei que institui nas escolas o ensino do uso das armas, nas aulas de educação física, visando o incremento da receita do Estado pelas licenças de caça. As crianças teriam suas primeiras aulas aos dez anos de idade. Como já colocado outras vezes neste bloguinho, a cultura estadunidense é fortemente tomada pelos enunciados paranóides, que compõem a necessidade de destruição do “estranho” (= outro) em nome da ilusão de que a mudança no estado de Ser causaria o seu aniquilamento. Da mesma forma que cidadãos comuns apertam o gatilho como se estivessem acendendo a luz da cozinha, Bush aperta botões e as bombas destroçam o Afeganistão, a Faixa de Gaza e o Iraque. Mesmo a recessão daquele país, fortemente influenciada pela inadimplência dos chamados créditos podres, carrega traços da paranóia, no sentido de que o outro não é visto na sua concretude, mas como uma abstração. É a doença de um país que navega no hiper-real, como afirma o filósofo Baudrillard. O hiper-real, onde os corpos não tem mais carne, e portanto, substância. É a confusão entre o real e o ilusório. O que resta é atirar. I inda tem françêis…

@ BOLSA FAMÍLIA GANHA O MUNDO. Reportagem da revista britânica The Economist mostra que o mundo está fascinado com o programa Bolsa Família. “Os governos do mundo inteiro estão olhando para este programa”, afirmou a representante do Banco Mundial no Brasil. Até New York copiou o projeto. De acordo com a matéria, o programa “contribuiu para o aumento da taxa de crescimento econômico do Nordeste acima da média nacional”. É certo que o programa melhorou a distribuição de renda no país. A reportagem cita ainda os problemas que o Bolsa Família ainda apresenta, sobretudo em relação à maquiagem de dados pelas prefeituras. A falta de estrutura adequada não foi citada, mas em Manaus, por exemplo, o programa conta com mais de 120 mil inscritos, que dependem de quatro atendentes e um único número de telefone para tirar as dúvidas e resolver pendências. O acompanhamento psicossocial dos beneficiários, que faz parte do programa, também não funciona estruturado na cidade. Mesmo assim, já é uma pedra no calcanhar da direitaça, e a alegria dos cardiologistas dos parlamentares DEMos e PSDBistas. I inda tem françêis…

@ REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO de 44 para 40 horas é a luta que estará nas bandeiras de várias organizações sindicais na segunda-feira próxima em São Paulo. Tendo visto o discurso desconcertante do personagem realizado por Jean-Maria Volonté no cinema de Elio Petri A Classe Operária Vai ao Paraíso, que, após submeter-se a todo tipo de exploração, depois de sofrer toda forma de violentação física e emocional, exorta ironicamente os companheiros trabalhadores a morarem na fábrica para estarem a postos integralmente; tendo lido Jean Baudrillard dizer que a única exigência para os capitalistas é a necessidade de consumidores, senão eles não nos legariam sequer o pão; embora sabendo que já seria um avanço ao menos no número de empregos que a medida geraria (cerca de 2.252.600); calculando-se se essa redução fosse para 30 horas, quantos postos aumentariam? E se fosse para 20, 10? Mesmo assim ainda é muito. Principalmente porque os capitalistas sempre tem seus truques. “Para o trabalho o homem não foi feito”, dizia Bertolt Brecht. Muito pouco o das produções dentro das fábricas é trabalho, enquanto produtor de sentidos existenciais, seguindo o conceito de homo faber da filósofa judia-alemã Hannah Arendt. E se não trabalhássemos uma hora sequer para os industriários, eles nem sequer existiriam. Talvez inventássemos novas formas de trabalho criativas para novos trabalhadores livres. Para esse trabalho o homem se faria, diria o poeta. O próprio discurso do deputado Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical, ainda está muito dentro da ordem da produção segregadora “com o tempo livre, o trabalhador poderá usá-lo para elevação do nível educacional, aumentando sua qualificação profissional. Todos sabemos: trabalhador melhor qualificado resulta em melhoria na produtividade e aumento da competitividade das indústrias”. Sem controle, será que não faríamos coisas inimagináveis? De qualquer forma já é um afrouxamento das relações trabalhistas perversas do sistema capitalista, que atualmente consolida-se pela especialização: reunir-se para debates políticos. É necessário que estes debates se estabeleçam por todos os cantos do Brasil e do mundo. I inda tem françêis…

@ A MARCHA FALSO-PACIFISTA CONTRA AS FARC parece repetir uma enunciação no filme Babel, do mexicano Iñárritu, quando um garotinho americano diz a um rapaz mexicano que sua mãe havia dito que o México era perigoso, e o rapaz confirma: “É sim: está cheio de mexicanos”. A tal marcha que se queria realizada em toda a América do Sul, e que se queria apartidária, como diz no jornal A Hora do Povo, foi repudiada por familiares de reféns das Farc’s, que denunciaram ser “organizada por Uribe e seus amigos”. A irmã de Ingrid Betancourt acusou Uribe de fazer uma “manipulação grotesca” e a senadora Piedad Córdoba denominou de “expressão de ódio, racismo e exclusão”. Mas não se trata apenas de Uribe, ou é preciso ver melhor o que é Uribe. Uribe não tem querer. Como um garotinho mimado e superprotegido, talvez o que ele mais queira agora é sair de onde se meteu. Mas tem os norte-americanos dando as ordens e os paramilitares vigiando-o. Ele é um refém que precisa manter seus reféns, que não são somente os que estão com as Farc e que para ele precisam aí continuar e por isso ele é tão contrário a qualquer tentativa de diálogo democrático , mas toda uma população que, tal qual como os mexicanos, teve que buscar nas armas uma tentativa de sobrevivência. Mas para Uribe qualquer tentativa democrática desse povo é muito perigosa e por isso ele tentará a todo custo forjar de que “eles” são perigosos. Para Uribe, a Colômbia é muito perigosa: está cheia de colombianos. I inda tem françêis…

Vamos que vamos

Pois quem foi não ficou

E quem ficou não foi…

1 thought on “i iNDA TEM FRANÇÊiS Qi DiZ Qi A GENTi NUM SEMO SERO

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.