O SUJEITO ARTHUR E OS CARTÕES CORPORATIVOS

Arthur é sempre sujeito de enunciado, nunca de enunciação. Jamais produz o novo através da linguagem, já que só consegue carregar em sua existência as imagens e signos-clichês da enunciação subjetivadora do Regime Significante Despótico, que anula a potência do corpo-fala. Agora, imaginem um sujeito de enunciado tentando se posicionar como “sujeito” numa frase. É o erro da sintaxe normatizada:

“Usei o cartão através de um assessor. Mas a responsabilidade dos gastos é minha. Se algum assessor me fez de bobo e gastou no que não devia, a culpa é minha” (Sobre o uso de cartões corporativos durante o tempo em que foi chefe da casa civil do governo FHC, onde existiram também irregularidades).

Lógica para Criança Xuxeada: 1) Se foi ele, a culpa é do assessor; 2) se foi o assessor, a culpa é dele, mas é do assessor, porque o fez de “bobo”.

É o “laranja” lingüístico – e jurídico, se for o caso. Assume a culpa em qualquer circunstância. Arthur fala em responsabilidade. Não sabe, sartrianamente, ser impossível assumir a responsabilidade de outrem.

Mas se Arthur já é “laranja” de FHC, de quem será o “laranja” de Arthur? Entre FHC (sujeito de enunciado) e o assessor, há apenas um sujeito. Sujeito-Sujeitado.

E agora, Sujeito?

E agora, sujeito?

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