MANAUS: UM PASSEIO PELA NÃO-CIDADE
DOIS PONTOS REATIVOS DE UMA NÃO-CIDADE
— pequenas notícias que transbordam dizeres (e eles não viram) —
1) CMM aprova a criação de Conselho Municipal de Direitos Humanos;
A primeira pergunta que podemos fazer é se o conselho terá força de atuação visando discutir e tocar nos elementos sociais que atentam contra os direitos básicos do cidadão, e que fazem parte do próprio governo municipal e estadual, como a falta de infra-estrutura (transporte, saneamento, planejamento urbano) e a própria atuação da CMM, quase sempre contrária aos interesses sociais, como no episódio do passe-livre, leis que mais ocultam do que estimulam a resolução de questões sociais, os já tradicionais “acordões municipais”, dentre outras ações.
Em seguida, pode-se ainda questionar que direitos humanos, em que contexto social se pretende inserir estes direitos, e quais são eles. Colocar a questão dos direitos sociais no âmbito da dualidade inclusão/exclusão significa não questionar a subjetividade produtora das condições materiais e imateriais da própria miséria, mas apenas contribuir para seu fortalecimento. No plano da educação, defender os direitos humanos se resume a exigir vagas nas escolas e defender um conceito-significante esvaziado de “educação de qualidade”, como defendem SEMED e SEDUC, que foram durante boa parte dos últimos anos dirigidas por licenciados em Filosofia e não produziram sequer uma educação de mercado?
A presença de uma entidade para defender os direitos de alguém é a evidência de que estes direitos não estão sendo respeitados.
2) Água e Buracos São Disputados Eleitoralmente por Governo e Prefeitura.
Haverá, neste caso, disputa? Há quem acredite que sim. No entanto, quando a questão e o marketing, é preciso levar me consideração qual o objeto da transação. O marketing, com estratégia semiótica para a venda de um produto, se presta mais a vender-se a si mesmo que ao produto anunciado. Uma boa campanha marketista vende qualquer produto, vangloriam-se marqueteiros. Portanto, ao marketing não interessa vender o produto, mas a si mesmo. Assim, enquanto prefeito e governador se esforçam para aparecer personificados em ações ilusórias, factóides-produtos midiáticos, a água continua faltando de Norte (três dias seguidos por semana) a Sul (todos os dias entre meio-dia e 18h), passando pela zona Leste, e o projeto Poseidon caminha para transformar as ruas de Manaus em rios e os bueiros sem tampa em armadilhas para crianças, animais e adultos.
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