O Natal do IMT (Instituto de Medicina Tropical) de Manaus trouxe algumas situações que nos auxiliam a entender o conceito de medicina e gestão com que trabalham seus diretores.

1) Até as vésperas do feriado natalino, não havia nenhuma indicação de que haveria festa de confraternização entre servidores e funcionários do IMT. A direção não se pronunciava sobre o assunto. Foi quando alguns funcionários resolveram comentar entre si, sem a ilusão do segredo, mas propondo uma discussão do assunto, e colocaram a ausência da diretoria em proporcionar este evento que é comum em qualquer ambiente de trabalho. Houve quem dissesse tratar-se de contenção de gastos. Pois bem, foi o suficiente para que a direção “se tocasse” e fizesse a referida festa, inclusive adotando o discurso de que a mesma estava programada, e fazendo questão de mostrar ao grupo que trouxe à baila a discussão sobre a festa o luxo e o esplendor (vazios) da iniciativa.

2) Na mesma festa, foi providenciado um coral para cantar músicas natalinas na ala da AIDS. Um festival de lágrimas invadiu o recinto, muitos doentes não suportando a tristeza do evento. Houve diretor que também chorou, emocionado com tanta “sensibilidade e espírito natalino”. Um sucesso! Bem, se o objetivo era trazer à tona os elementos sociais de culpabilização e estigmatização do doente de AIDS, então foi realmente um sucesso. O que a medicina de mercado sabe sobre as doenças, notadamente a AIDS, é o que se resume ao discurso científico. O médico domina a semiologia da doença, suas manifestações, profilaxia e terapêutica. Mas o entendimento deles dificilmente sai da esfera do científico-médico. A AIDS (como todas as outras doenças) abarca também um discurso cultural. Há a estigmatização e o portador do vírus frequentemente carrega um sentimento de culpa criado pela sociedade de consumo, que se refere ao fracasso de ter adoecido, numa sociedade que não suporta outros caminhos que não os que dita. Culpabilidade, interdição, fracasso, são signos que se adesivam ao doente, e que fazem parte da semiologia cultural da AIDS. Infelizmente, este aspecto não é levado em conta no IMT. As músicas de ritmo dolente e melodias graves – que carregam elementos depressivos – aliadas às letras igualmente tristes servem mais a uma intensificação dos sintomas culturais da AIDS do que a uma terapêutica. Ilustração da limitação de entendimento os médicos e equipe que tratam desta questão.

4 thoughts on “O REVELADOR NATAL DO INSTITUTO DE MEDICINA TROPICAL

  1. Eu trabalho na Fundaçõ de Medicina Tropical e simplesmente desconheço festa natalina com direito a coral. Você prescisa checar as suas fonte antes de publicar qualquer coisa ok.

  2. Caro companheiro anônimo,
    Do texto que você nos deixou, podemos depreender três entendimentos:
    1) Você poderia estar querendo dizer que não houve nenhuma festa no IMT que tivesse apresentação de coral. No entanto, nossas fontes afirmaram a informação que foi analisada no post, de forma que uma sentença não pode anular a outra;
    ou 2) poderia ainda estar querendo afirmar que não houve festa em nenhuma outra instituição com direito à coral como houve no IMT. Um sucesso. Neste caso, apenas afirma o texto e não toca na análise da doença do decadentismo contida nas músicas, que fez até membro da diretoria do hospital verter lágrimas;
    ou 3) A festa aconteceu num dia em que você faltou, ou você não foi convidado, o que seria grave. Neste caso, o que restaria seria procurar a diretoria para protestar, se for o caso.
    Abraços e volte sempre!

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