O prefeito Serafim afirmou em entrevista que 145 ônibus novos entraram em circulação em Manaus, em 2007. Outros 40 estariam por chegar, totalizando em 31 de março os 500 propalados nos vidros traseiros dos coletivos manoniquins. A propaganda oficial, feita em outdoor, diz que serão 500 novos coletivos, com mais de 200 já rodando. O prefeito Serafim é economista.

Mais que uma distorção dos valores, a tentativa do marketing prefeitural só consegue, como diz o jornalista Mino Carta, produzir “furos n’água”. Dos entendimentos que podem ser extraídos do episódio, este Bloguinho Intempestivo destaca dois:

1) A ausência de um pensamento urbanístico para a cidade de Manaus. Situação que vem de praticamente todos os governos e prefeituras anteriores, e que continua na atual gestão municipal. A malha viária urbana de Manaus foi feita sem critério algum, sem um projeto de cidade que pensasse a distribuição das vias em termos do crescimento econômico e social. Manaus, como se diz no senso comum, sem um entendimento real da dimensão do problema, é um enorme inchaço. E não se percebe na atual administração a possibilidade intelectiva e a disposição existencial para fazê-lo.

2) A confirmação de que a linha administrativa da prefeitura tem uma preocupação maior com o marketing do que com as ações. O marketing, como já colocado aqui pelo Bloguinho, é um discurso sobre o vazio, um significante descolado de seu significado. Portanto, não tem força de ação senão numa subjetividade que permita a esses códigos suplantarem o real (ilustração: a moral das igrejas apocalípticas, os valores “nobres” da classe média, tentando em vão imitar as medíocres autoproclamadas elites). Para o povão, que pega ônibus todos os dias, que abre as janelas e encara o projeto Posseidon na sua rua, que vê a propaganda dos dutos que vão acabar com a falta de água mas que continuam pagando por vento nas torneiras, dentre outras manifestações do real que anulam a peça marketista, a propaganda não pega.

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