DUAS NOTAS, UMA CERTA E UMA DISSONANTE
PRIMEIRA NOTA – DÓ: Arthur ‘Nosso Orgulho’ Neto bem que tentou esconder os resultados previsíveis e prejudiciais a ele, PSDB e DEMos, após a derrota da CPMF. Sem o imposto, o governo Lula terá um pouco mais de dificuldade – embora não fique refém, como pretendia a direitaça – e, principalmente os governadores não gostaram nem um pouco do corte automático no orçamento da saúde, orquestrado pelo ressentido FHC, sob a subserviente atuação de Arthur. O governador Eduardo ‘Guerreiro de Sempre’ Braga aproveitou a deixa e divulgou à imprensa que o governo estadual, com a medida, perderá 1 bilhão de reais em três anos. Arthur, sentindo-se ameaçado em ter diminuída a sua já pífia popularidade no Estado, foi à CMM para se defender. Lá, entre arroubos de tietagem ivete-sangalística de alguns vereadores, levou uma aula de economia do vereador José Ricardo, que desmontou o falso argumento de que a derrota da CPMF foi uma vitória da população pobre. E para surpresa do senador, até o vereador Jorge Maia, a quem pensava, só receberia elogios, subiu ao palanque, e depois de um início vaselinado, também criticou – sem a mesma cientificidade comunitária de Ricardo – a posição de ‘Nosso Orgulho’, chamando inclusive a oposição de “burra” (sic). Arthur, na sua eterna dívida emocional e financeira para com FHC, a quem vê como mestre, enterra ainda mais a sua possibilidade de continuar na profissão que herdou do avô: a versão burguesa da política. Talvez, em sua ida à Câmara, tenha ilusões de lá aportar futuramente. Ilusões.
SEGUNDA NOTA – SOL: Enquanto a direitaça na América latina ainda comemora a derrota de Hugo Chávez no referendo, imputando-lhe a pecha de ditador perene, em Cuba, Fidel Castro, mais democrata do que nunca, enuncia ternamente ao povo cubano – que já o sabia – que a revolução não se resume a uma pessoa, mas a uma subjetividade afetiva-afetante que carrega um povo. “Meu dever elementar não é agarrar-me a cargos, e muito menos obstruir o caminho de pessoas mais jovens, e sim aportar experiências e idéias cujo modesto valor procede da época excepcional que me coube viver. (…) Penso como (o arquiteto brasileiro Oscar) Niemeyer, que se deve ser conseqüente até o final“, afirmou em carta lida num programa da TV cubana. Para desespero dos que acreditam no engodo das democracias onde se alternam individualmente os corpos, mas a linha dura da opressão se mantém, Fidel é suave, e sabe que uma revolução não pretende criar uma utopia, mas como afirma o filósofo Deleuze, nasce de uma.