O EDUCA MANAUS DA SEMED
Entre as palavras selecionadas por certos governos com objetivo de seduzir a população como inteligentes e sérios, destaca-se, pragmaticamente, a palavra Educação. Amor, vida, felicidade, entre outras, são muito requisitadas nas estantes lingüísticas sedutoras destes governos. Entretanto, educação se destaca pelo fato de ter sido transfigurada historicamente pelo estado burguês em um conceito vazio, embalado com o verniz do humanismo/patriarcal/edipiano, como modelo ideal a toda forma de simulação de escola, ensino, aprendizagem e conhecimento. Status lingüístico fantasmático. Tudo de acordo com os saberes e os interesses político/administrativo dos governantes. Sem qualquer exame da fraude histórica. Incluindo alguns governos chamados de esquerda. A negação ontológica do Educare como movimento das vivências comunitárias produtivas. A supremacia das representações ideais em detrimento das percepções e cognições singulares. O idealismo: o mundo como abstração, sobre o sujeito/político: a experiência como produtora da consciência. E é exatamente neste idealismo/abstracionista, alienador social, conduzido pela administração pública, onde os professores são lançados. Aí onde tudo se reduz a um carrossel psicodélico de abstração pedagógica. Os educadores são meras palavras e imagens adesivadas nas fantasias protocolares como reciclagens e atualizações educacionais necessárias ao perfeito desenvolvimento da política do ensino. Assim, educadores como Paulo Freire tornam-se enunciados alienados das práxis. Métodos para serem falados. Jamais praticados.
O IDEALISMO DA SEMED E O BOM CHALITA
Só por este idealismo é possível entender porque a SEMED contratou Gabriel Chalita como palestrante do seu Manaus Educa. Chalita é um dos privilegiados representantes da elite paulistana, membro da ala católica, Renovação Carismática, amigo de Alkmim na Opus Dei, para quem fez fervorosa campanha nas eleições para presidente (na época alguns cogitavam que seria Ministro da Educação), foi seu secretário de educação, um dos responsáveis pela péssima posição da escola pública de São Paulo, além de ser suspeito de desvio de verba pública para seu movimento carismático na TV Canção Nova. Envolvido na névoa da educação, afirma que “o ato de educar só se dá com afeto, só se completa com amor”, por isso cobra 20 mil reais por palestra e justifica: “Gosto de ganhar dinheiro, não sou hipócrita, mas tenho preocupação social”. Tragado pela educação/amor como vocação de fé, Chalita emprestou seu cristianismo de classe para participar ativamente do delirante Cansei contra o governo Lula. Com tamanha inteligência, o educador/evangelizador não percebeu o engajamento político de Hebe, Ana Maria, Sangalo, Doria Junior… e caiu na folia das acusações contra Lula. No impulso de sua mola social, exibiu todo seu engajamento de menino bem nutrido, sentenciando à jornalista Paula Pacheco da revista semanal Carta Capital, “que o Lula dá uma idéia de separatismo que é ruim, preconceituosa. O governo tem adotado práticas, como o Bolsa Família, cujo objetivo é deixar os beneficiados do mesmo jeito. Quem é rico não perde dinheiro com o governo. Isso tudo pega a classe média tentando se movimentar”. Sublime idealismo/metafísico de classe dominante. Entretanto, não é o fato de Chalita ser uma espécie de Mainardi da educação (reacionário jornalista da Veja), opositor de Lula, e a gestão Serafim fazer parte deste governo, não, é que seu conceito de educação, idealista de classe paulistana, não serve para Manaus. É um universo de abstração abismalmente distante das experiências regionais. Até mesmo os conceitos educacionais ditos universais estão diluídos em seu discurso. Educar, liberdade, amor, afeto, conceitos que enuncia constantemente, não saíram de uma práxis de comunalidade, mas sim das representações/idéias que seu intelecto forjou. Longe da realidade política/econômica/social de Manaus. Daí a população desconfiar do conceito de educação que embala os princípios da SEMED, que alardeia uma administração de sucesso e convida um palestrante que fracassou na administração pública, para ensinar aos professores como educar.
Tomando esta e outras, o prefeito Serafim deveria analisar sua candidatura, pois continuando nesse “construtivismo social” não vai ter reeleição nem disputando contra ele mesmo.
Como e facil criticar e apontar o dedo e nao relatar em meio as frustraçoes as coisas que foram possiveis de serem feitas.
Espero pelo tempo das criticas construtivas onde sera escrito nao miserias dos outros e sim respostas as açoes abortadas de insucesso. Mas, vejo que a linha de alguns “escriteiros” ainda cresce com acusaçoes do senso comum e de maneira nenhum são dotadas da expressão de solidariedade e esperança e fornecer possiveis respostas as mazelas educacionais. Assim, e facil criticar sem a vivencia da experiencia do poder!