NO DESENROLAR DO CONFRONTO MÉDICO-ADMINISTRATIVO

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ROTEIRO DE UM CASO ORTOPÉDICO

Quanto ao caso do metropolitano-itacoatiarense, que vínhamos noticiando neste blog sem apresentar o nome das pessoas envolvidas, somente agora, havendo um terceiro diagnóstico, e tendo em vista a importância pública do acontecimento, apresentamos nominalmente os personagens participantes no roteiro dessas paradas:

  • Paciente –> José Marinho Pereira

  • Médica 28 -> Anna Hoagem

  • Médico-Professor -> Amarildo Brito

  • Médico-Aluno -> Allan Kato

  • Médico Interceptor -> Antonio Stroski

  • Médico CEFRAM -> Ramon Campus Grangeiro

1ª PARADA. No dia 25 de outubro, o metropolitano-itacoatiarense José Marinho Pereira (36 anos) dá entrada no Hospital 28 de Agosto com a perna fraturada. A médica traumato-ortopedista Anna Hoagem faz-lhe o atendimento e o encaminha para o Hospital Adriano Jorge e CEFRAM (Centro de Fraturas do Amazonas). Sem conhecer nada da cidade de Manaus e sem ter acompanhante para deslocá-lo até essas instituições, José Marinho foi levado até a Rodoviária por uma ambulância do Hospital 28 de Agosto, onde comprou sua passagem e rumou de volta para a agora Itacoatiara Metropolitana.

2ª PARADA. Tendo o quadro se agravado, no dia 27 de outubro José Marinho retornou a Manaus, sendo levado ao Hospital João Lúcio, onde foi atendido por dois médicos, o Médico-Professor, Amarildo Brito, e o Médico-Aluno, Allan Sato, que tomaram de sua perna uma radiografia, para utilizarem em uma aula. Amarildo Brito pediu para Allan Kato fazer as demonstrações dos procedimentos. O Médico-Aluno diagnosticou que seria necessário “puxar” para tentar fazer voltar ao lugar o osso fraturado; caso não fosse possível, seria necessário fazer uma cirurgia e colocar uma haste. Após o primeiro procedimento, tiraram novamente radiografia; percebendo que não “voltara” ao lugar, os dois médicos engessaram a perna e foi expedido documento enviando o paciente para o HUGV (Hospital Universitário Getúlio Vargas) para que no dia 02 de novembro fosse internado, para ser atendido no dia 05.

3ª PARADA. No dia 02 passado, ao encaminhar-se ao HUGV, mesmo havendo leito, José Marinho não foi aceito pelo Médico-Interceptor, Antonio Stroski, que fazia plantão, segundo ele pelo hospital não estar em condições materiais para garantir a permanência do paciente e acompanhante durante o final de semana, e ele teria de voltar somente no dia 05. Pelo que se sabe, no entanto, quando o Serviço Social de um hospital envia um paciente para outro é porque sabe que esse outro tem as devidas condições e responsabilidade de receber o paciente. Mas, como vimos, acabamos ficando no assim teria que ser

4ª PARADA. No dia 05 de novembro, então, José Marinho chegou ao hospital para ser atendido às 7h. Enquanto aguardava, foi notado pelo Médico-Aluno Allan Kato, que o atendera no Hospital João Lúcio, e o qual inquiriu o motivo de ele não estar internado. O Itacoatiarense e sua acompanhante narraram o ocorrido. Quando o Médico-Interceptor Antonio Stroski chegou, Kato o confrontou, perguntando porque não internara o paciente, segundo o expedido pelo Médico-Professor Amarildo Brito. Stroski explicou com veemência a situação precária do HUGV. Então se dirigiram para o Ambulatório Araújo Lima. Enquanto se dirigiam, Kato foi explicando que o procedimento, segundo Amarildo Brito, seria anestesiar, puxar, se o osso não “voltasse”, seria necessário fazer uma cirurgia e, caso se necessitasse, colocar também uma haste, devendo-se engessar somente após isso. Stroski foi outra vez veemente, dizendo que nada disso seria feito, primeiro porque não tinha haste e segundo porque o próprio gesso pressionaria o osso para “ficar” no lugar. A acompanhante, que estivera atenta a toda a cena, perguntou como isso ocorreria se o gesso estava frouxo. Stroski ordenou que a perna fosse novamente engessada. Em seguida, Stroski ordenou ainda que Kato explicasse aos estudantes que estavam presentes o procedimento daquele caso. Dessa vez Kato passou a explicar de acordo com o que prescrevera Stroski, diferente do que falara Amarildo Brito. Após colocado o gesso, Stroski diagnosticou que o paciente devia voltar para Itacoatiara, passar 20 semanas com o gesso, no término desse período bater outra radiografia, se o osso não tivesse “voltado” ao lugar, aplicar um outro tipo de gesso.

5ª PARADA. Com os confrontos e confluências dos domínios do saber médico-hospitalar, o paciente, juntamente com familiares, resolveu procurar o CEFRAM (Centro de Fraturas do Amazonas), para ter outro diagnóstico especializado. Na sexta-feira passada, dia 09 de novembro, José Marinho foi então atendido pelo médico Ramon Campus Grangeiro, que foi logo diagnosticando que agora o paciente terá de submeter-se a uma cirurgia e colocar uma platina, tudo devido ao tempo passado sem o tratamento adequado conforme o caso. Informado sobre a via crucis de José Marinho, Grangeiro afirmou que o procedimento adequado seria anestesiar, puxar, se o osso não “voltasse”, seria necessário fazer uma cirurgia e, caso se necessitasse, colocar também uma haste, devendo-se engessar somente após isso, confirmando assim o procedimento de Amarildo Brito. E acrescentou categoricamente que o osso, ao contrário do que afirmara Stroski, assessorado por Kato, jamais voltaria ao lugar pela pressão do gesso, ainda mais pelo fato do paciente contar já 36 anos, afirmando que o paciente ficaria aleijado. Grangeiro preparou então o encaminhamento de José Marinho para ser atendido no dia 19 próximo por um cirurgião, o qual marcará sua cirurgia.

Em decorrência de todos esses conflitos e confluências de saberes, que deixa este paciente e seus familiares perplexos, e que produz na população já que é ela que sofre com estas indefinições científicas , uma desconfiança ante serviços públicos fundamentais, como a saúde pública, é que a AFINAssociação Filosofia Itinerante faz o acompanhamento desde caso, atuando para diminuir-se a negligência, a insegurança e até a intransigência das personagens responsáveis por serviços de direito democrático inalienável de todo cidadão, fazendo-se surgir à cena personagens que teçam verdadeiros diagnósticos e tratem da saúde dos pacientes com interesse humano e autenticidade científica.

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