Bons ventos que carregam a educação transformadora” é o slogan da propaganda da prefeitura sobre seu sistema educacional. Mas o que carregam de novo estes ventos que sopram pelas bandas do licenciado em Filosofia, Cyrino?

Consideraria a SEMED o novo trazido pelos ventos o PROSED, que tentou escamotear na ilusão da prova a continuidade da prática de puxa-saquismo dos diretores cabos-eleitorais? Ou talvez o revolucionário projeto de leitura das poetagens dos poeteiros amazônidas, que nem a universidade considera literatura, para valorizar a cultura nos nossos alunos? Quem sabe no meio desta poeira brilhante do novo tenha vindo também a ausência de abertura das escolas nos finais de semana, e a impossibilidade durante toda ela de transformar este espaço público em uma espacialidade afetiva engendradora de fluxos comunitários? A luta ferrenha entre professores e alunos, tornados inimigos mortais pelo caráter disciplinar que permeia a prática pedagógica adotada e continuada pela secretaria do secretário-licenciado em Filosofia e ex-diretor da Faculdade de Educação? Quem sabe tenha sido estes ventos que sopraram o apagador da professora na boca do aluno, impossibilitados que são da construção do saber pela linguagem e Razão pela tirania do Conteúdo Programático? Ou, se tiverem sido fortes, verdadeira ventania, também foram responsáveis pela cadeira jogada pelo aluno nota dez na professora da escola da Redenção, que rasgou o trabalho do aluno e o considerou ausente na chamada, talvez por uma paixão mórbida não correspondida? Que tenham carregado o cheiro da manifestação escoprofílica da professora do Manoa, que arriou bem no meio da sua aula, sobre a mesa, exprimindo a analidade institucional, é também considerado o Novo pela SEMED? As práticas pedagopoliciais de apalpação física e exposição dos corpos como objetos culpados por partes de professores e diretores, produzindo o abuso sexual como punição e desnudando a tara institucional? Certamente deve ser um novo sopro a forma de tratamento dos professores que procuram o secretário e o sub-secretário e sobrinho, e não são recebidos, ou severamente reprimidos como instâncias inferiores do saber oficial! Mais nova ainda é a prática de financiamento das festas e eventos (sempre de cunho eleitoral) por parte dos cabos eleitorais-diretores, e ao mesmo tempo a punição com a perda do cargo aos que se recusam a participar deste revolucionário modo de economia de verbas. Ou ainda a inauguração de escolas-fantasmas, cujas lâmpadas caem luminosamente na cabeça dos alunos, e não são idéias? Uma secretaria onde o engenheiro de obras manda demitir diretor que reclama de escola que cai aos pedaços também demonstra uma nova forma de gerenciamento da educação de Estado! Ah, não poderíamos esquecer nesta lista de novidades esvoaçantes o revolucionário frango invertebrado, tantas vezes mais caro do que o frango convencional, para deleite dos paladares exigentes de alunos e pais das comunidades manauaras! Ah, como pensam no bem-estar do povo estes nossos gestores educacionais!

De todas estas novidades, que devem servir de modelo ao Brasil e principalmente aos países vizinhos, como a Venezuela, que não entende nada de educação, com essa estória de distribuir livros como Dom Quixote gratuitamente à população, ou que pratica arcaísmos como a gestão popular das escolas, a mais brilhante, a que enche de orgulho secretários, subs e principalmente o chefe, é o marketing da educação manauara. Um primor de inteligência e criatividade artística. Nossos mais sinceros parabéns!

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