Nota Desafinada

Primeira notaMi. O prefeito Serafim talvez pretendesse ser engraçado quando disse que o cognominado “quarteto” — os vereadores Paulo de’Carli (PDT), o ex-vereador Plínio Valério, e os deputados federais Sabino Castelo Branco (PTB) e Carlos Souza (PP) — estão mais para “catadores de sabonete” do que para “quarteto fantástico”. A expressão, muito usada nos microfascismos cotidianos (Foucault), refere-se principalmente à posição de relação homossexual passiva. Os quatro aproveitaram para se defender moralmente, mas não analisaram propriamente a forma da homofobia concernente ao enunciado do prefeito. O que não carrega humor algum.

Segunda nota. Os quatro, que se presumem prefeituráveis, talvez tenham aproveitado em favor de suas visibilidades. Mas ao defenderem sua moral familiar, sua masculinidade, sua honra e reputação, apenas aumentaram a homofobia, catexisando (Freud) o preconceito e deslocando cada vez mais a espiral do enunciado de violência (Deleuze/Guattri). E quando o prefeito, agora em sua defesa, diz que apenas repetiu a expressão que D’Carli já havia dito em jornal, aumenta mais ainda o preconceito, a homofobia, tanto mais que todo enunciado de violência está ligado a outros até a totalidade…

Grand FinaleSol. Enquanto todas as estatísticas vão colocando 2007 como o ano de todos os recordes das conquistas GLBT, a contenda vazia dos iguais vai demonstrando que estas conquistas não vieram do poder constituído, mas da potência democrática das minorias excluídas que vão amolecendo os corpos rígidos dos machistas ressentidos. Que diagnóstico teceria Freud diante destes enunciados dos iguais? Que dirá Bruna La Close? Dirá que o sol é para todos e o mundo é gay? Se rir e disser, aí sim, será humor, política, liberdade…

1 thought on “DUAS NOTAS E 'FINALE' DA MESMA CANÇÃO

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